Borgo Medievale di Ville del Monte
Pertencente à cordilheira dos Alpes europeus, a Província de Trento é certamente uma das regiões mais belas do mundo. Geograficamente inserida em meio ao norte alemão e o sul italiano, percebe-se a grande influência que esse encontro de culturas deixou na região. Um legado até hoje transmitido e preservado entre os moradores locais, através do dialeto, das danças, e dos próprios hábitos de vida, que os imigrantes trouxeram para o continente americano.
A Província de Trento está inserida na região italiana denominada Trentino - Alto Adige, que além de Trento engloba também a Província de Bolzano (Südtirol), onde prevalece o idioma alemão. Essa região italiana faz divisa com a Áustria, e por vários séculos esteve subordinada aos condes do Tirol. Somente após a I Guerra Mundial que passou a ser italiana, contando, todavia, com autonomia política e econômica, em detrimento às demais regiões italianas. Tal fato deriva de uma série de acontecimentos históricos, que ora passa-se a analisar.
Pré-história
Os primeiros assentamentos são datados de 7.800 a.C. e, as primeiras comunidades estáveis, de 4.000 a.C. De 1800 a 1600, difunde-se na região a prática da construção sobre palafitas e surgem também os primeiros objetos de bronze.
Chiesa San Virgilio - Pinzolo
Outro fator importante na historia trentina ocorreu 500 a.C. (durante a 2ª idade do ferro), quando os historiadores identificam uma unidade cultural que ia desde os pré-Alpes do Vêneto, passando por Trentino e Bolzano até o Tirol. Essa grande área cultural foi batizada de Território Fritzens-Sanzeno, e seus habitantes identificados como réticos. Esse povo manteve relações comercias e culturais com os Celtas, o que foi um fator importante para a sua futura formação cultural.
Sob a órbita de Roma
O território trentino foi vagarosamente sendo absorvido pelo poderoso Império Romano. Deu-se início com o desenvolvimento de cidades e toda infra-estrutura romana, como termas, fórum etc. A cidade (hoje em dia Trento) passou a chamar-se Tridentum. Posteriormente, foi sendo concedida a cidadania romana aos moradores de seus vales.
A partir do século III d.C. começaram a ocorrer invasões de povos germânicos no território romano. Depois da incursão de diversos guerreiros, entre eles Átila em 451, no território trentino, a região teve um período de relativa paz sob o comando de Teodorico (493-526). A partir de 569, Alboino, que era o rei dos Longobardos, criou o Ducado de Trento, e confiou o seu controle a Evino. Este, para resistir ao assalto dos Francos, se uniu aos Bávaros, casando-se com uma princesa alemã.
Todavia, em 773, os Francos se apossam de Trento, transformando-o em condado. A partir de 800, Carlos Magno, rei dos Francos, é coroado imperador pelo Papa, e surge assim, o Sacro Império Romano Germânico, do qual a região trentina passaria a fazer parte.
O principado de Trento
A região Trentina passou a ser um importantíssimo território dentro do novo império, devido a sua posição estratégica entre o norte alemão e o sul italiano: era caminho obrigatório por onde os germânicos passavam para serem coroados reis pelos papas em Roma. Devido a este fato, os reis tinham o máximo interesse em garantir a paz na região, sendo que para governá-la foi instituído o cargo de príncipe-bispo. Funcionava da seguinte maneira: um conselho especial da Catedral (Capítulo da Catedral) em Trento escolhia uma pessoa para ser nomeada governante. Tal pessoa então recebia o poder temporal do imperador (príncipe) e o poder religioso do Papa (bispo). Dessa forma o governo era leal a ambas as partes.
Burg Taufers
No ano de 1004, Enrico II, que estava a caminho de Roma para ser coroado, concede ao Bispo Udalrico II o poder temporal sobre o Contado de Trento. Em 1027, Conrado II, voltando de Roma, confere ao bispo de Trento soberania sobre o território. A partir de então, o bispo de Trento passou a contar com uma soberania gigantesca: era feudatário direto das terras, e só respondia ao Imperador.
O príncipe-bispo tinha poderes legislativos, executivos e judiciários, porém, devido a sua posição dentro da Igreja, não podia possuir força armada. Sendo assim, o príncipe-bispo se via obrigado a recorrer a outros senhores para garantir a paz em seu território. O fato de procurar ajuda externa era, todavia, muito perigosa; os senhores que ofereciam a força militar poderiam não ser fiéis o tempo todo, e se aproveitando da fragilidade do território indefeso, tomar o seu comando.
O ano de nascimento do Tirol é 1248. A partir de 1363 o Condado do Tirol passa ao controle da Casa da Áustria, com a qual permanecerá, excetuando-se pequenas interferências, até o ano de 1918.
Um importante evento ocorrido no período em que Trento era principado foi o famoso Concílio de Trento. O Concilio ocorreu em um momento europeu extremamente delicado, em que o protestantismo avançava, e a Igreja Católica viu-se obrigada a tomar alguma atitude. A escolha de Trento como sede para o Concílio foi devido a sua posição estratégica, e por ser território autônomo sob o comando de um príncipe-bispo. O Concílio teve longa duração, e pode ser dividido em três etapas: de 1545-49, período em que ocorreram dez sessões (em 1547, foi transferido para a cidade italiana de Bolonha, devido a uma ameaça de peste em Trento); de 1551-52, período em que ocorreram apenas duas sessões; e, por fim, de 1562-63, período no qual o papa Pio IV convocou novamente todos os membros do concílio e, com eles, tomou as mais importantes decisões da igreja. O Concílio foi, então, encerrado.
O furacão napoleônico
A partir do século XVIII, a região trentina passou a sofrer, assim como o resto da Europa, com o poderio militar de Napoleão Bonaparte, que pretendia estender sua influência sobre toda a Europa. Em 1796 ocorre a primeira invasão das tropas napoleônicas em Trento. Nessa ocasião, dentro de todo o território trentino, as tropas de Schützen (sìzzeri, em italiano, que significa atiradores), partiram em defesa de sua terra, sendo que a ocupação francesa durou apenas poucos meses.
Sob o domínio austríaco, a situação começava a se normalizar em Trento, mas a sombra de Napoleão ainda rondava a região: em 1805 Napoleão torna-se o rei da Itália, e no mesmo ano entra em guerra contra a 3ª Coalizão, da qual a Áustria fazia parte. Com a vitória de Napoleão, toda a região do Trentino-Alto Adige passa ao controle da Bavária (que era aliada de Napoleão).
O domínio bávaro sobre a região tirolesa se desgastou com o tempo, sendo que passou a desagradar a maioria da população. Nesse período, surge uma figura de vulto e de grande importância na história tirolesa: Andreas Hofer. Taberneiro de origem humilde e fortemente ligado a sua cultura, torna-se o líder da rebelião tirolesa contra o governo bávaro. Ele passa a comandar a tropa de atiradores (schützen), que entra em confronto
Santuario San Romedio
com as autoridades bávaras. Em 1809, Andreas Hofer, frente a seus aliados entra triunfante em Innsbruck (capital do Tirol) e torna-se seu governador. Em outubro desse mesmo ano é assinada a paz entre Baviera e Áustria, sendo que esta concedeu o Tirol a Bavária. Hofer sentiu-se traído, e para piorar, ocorria nova ofensiva francesa, envolvendo a população tirolesa em novo conflito. Em 1810 Hofer é capturado e fuzilado. Até hoje, persiste na região tirolesa a imagem de Andreas Hofer como símbolo de luta pela cultura local e como força contra a intervenção externa.
Nesse mesmo ano, 1810, França e Bavária selam acordo, e decidem transferir a região do Trentino Alto-Adige para o reino Itálico (sob o controle de Napoleão). Tal fato traz algumas melhorias para a região, e desenvolve também um sentimento de italianidade nos trentinos.
Porém, nos anos seguintes Napoleão começa a se enfraquecer, principalmente depois da grande derrota sofrida na Rússia, o que encoraja a Áustria a retomar a guerra contra o invasor. Em 1813, reconquista a região trentina, sendo que então, todo o Tirol volta ao comando austríaco, por onde permanecerá pelo próximo século.
Trento no império Austro-Húngaro
Trento voltou a fazer parte da Áustria, inserido novamente no Condado do Tirol. A organização política era agora bem diferente, existia no condado governador e vice, juntamente com oito conselheiros e a Dieta Tirolesa. A Dieta era uma espécie de câmara, onde estavam presentes representantes de diversas partes do território tirolês. A participação trentina era relativamente desproporcional na Dieta.
A população camponesa trentina era de índole conservadora, e pouco propensa a mudanças, olhando sempre com desconfiança para movimentos de caráter nacionalista. Todavia, a burguesia e as classes políticas no trentino começaram a sustentar idéias de caráter nacionalista italiano, e passaram a exigir uma autonomia para a província trentina, pois segundo eles, a Dieta Tirolesa tinha olhos apenas para a população alemã (grande maioria) do Tirol.
Em 1848, ano de grandes revoltas em toda Europa, ocorre a sublevação trentina. Irredentistas (nacionalistas italianos) aliados com os Corpi Franchi (voluntários italianos) levantaram armas exigindo autonomia em relação a Áustria. Depois de uma agressiva contra-ofensiva austríaca, os rebeldes foram facilmente derrotados.
Em maio do mesmo ano, deputados trentinos dirigiram um apelo com diversas assinaturas a Dieta de Innsbruck (a Dieta Tirolesa), com um pedido de autonomia. Com a rejeição, boicotaram a Dieta Tirolesa e seguiram com seu pedido para a Assembléia de Frankfurt, na Confederação Germânica, pedindo mais uma vez a autonomia. Tendo novamente seu pedido negado, os deputados se dirigiram a Assembléia Constituinte em Viena. Continuaram boicotando a Dieta Tirolesa, mas passaram a defender suas idéias na nova constituinte austríaca. Nesse período, surgem os Comitês Pátrios, defendendo o caráter italiano, e as necessidades do Trentino. Em março de 1849 foi publicada a nova Constituição austríaca, favorável ao centralismo e com o predomínio alemão.
Em 1867, ocorre a fusão das casas reais da Áustria e da Hungria, surgindo o famoso Império Austro-Húngaro, ao qual Trento passou a pertencer. Durante os anos seguintes, diversos partidos de caráter nacionalista italiano começaram a surgir nas classes burguesas e políticas de Trento. Em 1871 surge o Partido Liberal Burguês, cuja plataforma apoiava a união com a Itália.
Foi nesse período também que a região trentina entrou em profunda crise: a agricultura, praticada da mesma forma durante séculos começava a dar sinais de desgaste, a população aumentava, mas a área de cultivo diminuía, e a oferta de alimentos era escassa. A sericicultura (produção de seda), importante indústria trentina entrou em colapso com uma praga que dizimava os casulos do bicho da seda. A produção manufatureira da região perdia com a concorrência alemã, e ainda por cima, estava privada de seus principais mercados, o Vêneto e a Lombardia, que agora faziam parte da Itália. Com todos esses problemas, aliados ainda ao fato de que a maioria absoluta da população era de agricultores dominados pelos “senhores do tirol”, ocasionaram um dos fenômenos que mudou definitivamente a vida na Europa e em outras partes do globo; a imigração.
Trento
A imigração, de certa forma, sempre fez parte da vida dos trentinos, mas tratava-se de imigrações temporárias, passavam algum tempo trabalhando em país estrangeiro (geralmente Alemanha) para depois retornarem a suas vilas. Dessa vez, entretanto, a imigração era de caráter permanente. Diversos agentes de companhias começaram a difundir a idéia de uma nova vida no continente americano, onde era prometida fortuna fácil para os pobres. Diversas famílias aderiram ao programa, vendiam suas propriedades, e com o pouco que juntavam, compravam a passagem definitiva para a América.
Dos vales da Valsugana, Primiero, Cembra e Adige vieram a maior parte do contingente para o Brasil e Argentina, durante os anos de 1870-1880. Na cidade de Rio dos Cedros, os primeiros imigrantes chegaram em 1875, provenientes do Valle dell´Adige. Os imigrantes trentinos tiveram uma presença muito marcante no Brasil, especialmente nos Estados do sul, onde formaram grandes colônias e fundaram cidades, algumas das quais, permanecem até hoje com forte presença de descendentes, da cultura e do dialeto trentino, a exemplo de Rio dos Cedros, Rodeio e Nova Trento, em Santa Catarina.
Superando a crise
Aos trentinos que permaneceram na Europa, a situação foi gradualmente melhorando. Com a saída dos emigrantes, as oportunidades melhoraram, e surgiu uma nova tática de progresso econômico: a cooperação, desenvolvida principalmente pelos sacerdotes, que pregavam a união e a fraternidade. A primeira cooperativa surgiu em 1890, incentivada pelo padre Lorenzo Guetti. No ano seguinte surge a primeira Caixa de Crédito Rural. Dessa forma, os camponeses trentinos tem como competir com outros mercados e como proteger seus produtos, formando uma grande rede de aliança, colocando-os em patamares de excelência nunca antes alcançados. A partir de 1893, quase todas as cidades trentinas contavam com uma cooperativa.
Nesse período de ressurgimento, aparece a figura de Paolo Oss Mazzurana, engenheiro, que trouxe grande mudanças na cidade de Trento, como plano de abastecimento energético, auto estradas e urbanização. Trento se torna a primeira cidade européia com instalação própria de energia elétrica e privada. Constrói também ferrovias para unir os vales a cidade de Trento.
Outra figura de importância histórica foi Cesare Battisti. Nascido em 1875, toma as rédeas do partido socialista trentino em 1899, e em 1990 funda o jornal Il Popolo. Reivindicou uma universidade de língua italiana na Áustria e lutou ao lado da Itália na Primeira Grande Guerra, onde foi capturado e morto.
A primeira guerra mundial
Com o início das ofensivas, mas de 60.000 trentinos foram convocados pelo exército Austro-Húngaro (ano de 1915) para os campos de batalha. Nos anos decorrentes da guerra, diversos trentinos foram presos por irredentismo, muitos dos quais imbuídos das idéias desenvolvidas por Cesare Battisti. A região trentina tornou-se campo de batalha, e diversos de seus moradores tiveram que evacuar os vales, muitos dos quais foram para a Itália. Em 1918 o exército italiano chega a Trento e toma a região. Encerrada a guerra, restava aos trentinos a duríssima reconstrução de suas vilas arrasadas, tendo em vista que a região foi uma das mais incendiadas pelo grande conflito.
Fascismo e a segunda guerra mundial
Conforme exposto, a Itália ocupou a província trentina em 1918. Trento foi governada por uma junta militar provisória até 1919, período em que foi formalizada a anexação trentina à Itália. Nesse mesmo ano foi assinado o tratado entre Áustria e Itália (Tratado de Saint German), que concedia à Itália o Trentino, o Alto Adige (Bolzano), a Istria e a alta bacia do Isonzo. Nos anos de 1921 e 1922 o Trentino foi governado por uma Junta Provincial, ou seja, teve sua primeira experiência de autonomia política. Entretanto, em outubro de 1922, partidários fascistas marcham sobre Trento e Bolzano, antecipando a grande marcha sobre Roma. Em 1924, estava instaurado em toda a Itália o regime fascista, acabando com qualquer sonho de autonomia trentina.
Val dei Mocheni
A população trentina, de uma maneira geral, reagiu ao fascismo da mesma maneira que reagia a maioria das agitações políticas: mantinha-se distante e isolada em seus vales, sendo que as grandes agitações patrióticas aconteceram apenas nas cidades maiores, que eram poucas.
Em 1929 ocorre a grande crise, que levou a falência os bancos do Trentino Alto Adige. O governo da inicio então a grandes obras, com o intuito de retomar o crescimento. Nesse aspecto, a província de Bolzano foi muito mais privilegiada que Trento, contanto com gigantescos investimentos em auto estradas, indústrias, o que deixava a população trentina irritada. Tal atitude do governo visava uma tentativa de pacificação na região, pois Bolzano tinha uma população predominantemente alemã que lutava para voltar a ser território austríaco. Com as obras, o governo buscava, além de acalmar os ânimos, fazer com que outros italianos imigrassem para a região, provocando uma “italianização" daquele território.
Em 1939 tem inicio a segunda grande guerra, e no ano seguinte Mussolini entra no conflito ao lado de Hitler. A guerra causa uma certa agitação no Trentino: especulava-se a possibilidade de que uma Alemanha vitoriosa voltar a anexar o Alto Adige aos territórios germânicos. Em 1943, após desastrosas operações militares, cai o governo fascista.
Hitler, no mesmo ano, vem em socorro do aliado, retomando o controle de parte da Itália dos rebeldes. É criada a República de Saló, último reduto dos fascistas italianos. É criada também, em setembro de 1943, a Zona de operações Pré Alpes - Alpenvorland - que compreendia Trento, Bolzano e Belluno. A área era estratégica no conflito, e Hitler fez de tudo para garantir a tranqüilidade na região.
Em 1945 tem fim o grande conflito, que mais uma vez, deixaria marcas profundas no Trentino e em toda a Itália. Para a reconstrução italiana foi imprescindível a figura de Alcides Degaspari. Nascido em 1881, em Pieve do Tesino (Trentino), já havia sido eleito deputado em 1921 e esteve presente na formalização do acordo de anexação de Trento ao Estado italiano. Sofreu perseguições no regime fascista, e com o término deste, voltou a cena política. Tornou-se primeiro-ministro e com toda sua obra ganhou o slogan de “homem da reconstrução da Itália”.
Questão do Alto Adige e busca pela autonomia
A assim chamada “questão do Alto Adige” teve início com o tratado de paz entre Itália e Áustria, ao fim da primeira guerra (Tratado de Saint German), que trouxe os territórios de Trento e Bolzano para a Itália. A população de língua alemã (Bolzano) nunca se conformou com tal ato, e passou a lutar pelo retorno à Áustria, ou ao menos por uma grande autonomia política. Com o advento do fascismo, qualquer pretensão autonomista foi abortada devido ao grande centralismo político de Mussolini, que criou na região a Província da Veneza Tridentina, com capital em Trento. Com o fim da segunda guerra, e a queda de Mussolini, os políticos de Bolzano voltaram a lutar pela sua causa, com abaixo assinados e boicotes. Atos mais graves como terrorismo e luta armada viriam nos anos seguintes.
Em 1948 é apresentado o primeiro Estatuo de Autonomia para a Região do Trentino Alto Adige. É conferido um aspecto tri-polar de poder; de um lado o poder da Região, e do outro o poder delegado as duas províncias. Para as províncias ficava o encargo de desenvolvimento cultural e civil, como a criação de escolas bilíngües (principalmente em Bolzano), a sustentação artística cultural, etc. Questões econômicas, de obras publicas, etc, ficou ao encargo do governo regional (Trentino-Alto Adige). Tal forma de autonomia fracassou. A província de Bolzano, a fim de se desenvolver com suas particularidades, precisava de autonomia para governar a sua economia. Então, em 1972, surge o novo Estatuto de Autonomia, conferindo a administração dos fundos para as respectivas províncias. Diz-se que a autonomia passou então da região para a província. Ao conselho regional compete discutir assuntos de comércio, de cooperação, de crédito. A junta regional tem representantes tanto de Trento como de Bolzano, e sua presidência é revezada entre um presidente de língua alemã e um de língua italiana.
Trentino hoje
O Trentino encontra-se na Região do Trentino Alto Adige, extremo norte da Itália. O Trentino se refere a Província Autônoma de Trento, enquanto Alto Adige se refere a Província Autônoma de Bolzano (parte alemã). O Alto Adige também recebe a denominação de Südtirol (Tirol Meridional) reconhecendo, assim, seu forte vínculo com o norte alemão.
A Província de Trento possui hoje um dos maiores índices de qualidade de vida na Europa. A autonomia conquistada garante um excelente desempenho econômico, e sua posição, na área geográfica dos Alpes, lhe garante um fluxo constante de turistas, em busca das montanhas e da neve. A população, antes predominantemente rural, agora ocupa postos nas indústrias e na prestação de serviço. Apesar disso, a produção agrícola de Trento não caiu, devido ao uso de sofisticadas técnicas modernas. Trento continua sendo um grande produtor de vinhos (apreciados em toda a Europa), bem como produtor de queijos e diversas frutas.
Altipiano di Folgaria
Apesar de todo o avanço industrial, é no turismo que o Trentino encontrou sua grande vocação: milhares de turistas (especialmente alemães) buscam a região nas temporadas de esqui, ou em outras épocas também. O numero de pessoas que se dedicam a prestação de serviços relacionados ao turismo aumentou consideravelmente nas últimas décadas.
A qualidade de vida e o PIB da Região Trentina são superiores ao restante da Itália. Todos os vales, antes isolados pelas montanhas, agora estão ligados pelas auto-estradas, que atingem todo o território, trazendo integração e desenvolvimento.